terça-feira, 16 de agosto de 2022

Ensino Religioso: ÉTICA E MORAL: QUAL A DIFERENÇA?

 Isso é certo ou errado? Bom ou ruim? Devo ou não devo? Provavelmente você já deve ter feito algumas dessas perguntas na hora de tomar uma decisão ou fazer uma escolha. Essas perguntas levam a reflexão sobre dois termos: ética e moral. É muito comum esses termos serem confundidos como se significassem a mesma coisa. Embora estejam relacionados entre si, moral e ética são conceitos distintos.

A palavra “ética” vem do grego ethos. Em sua etimologia, ethos significa literalmente morada, habitat, refúgio. O lugar onde as pessoas habitam. Mas para os filósofos, a palavra se refere a “caráter”, “índole”, “natureza”. Sócrates (reconhecido filósofo) coloca o autoconhecimento como a melhor forma de viver com sabedoria. E seguindo a máxima de Aristóteles “somos o resultado de nossas escolhas”. Já Platão entende que a justiça é a principal virtude a ser seguida. Neste sentido, a ética é um tipo de postura e se refere a um modo de ser, à natureza da ação humana, ou seja, como lidar diante das situações da vida e ao modo como convivemos e estabelecemos relações uns com os outros. É uma postura pessoal que pressupõe uma liberdade de escolha.

A palavra “moral” deriva do latim mores, que significa “costume”. Aquilo que se formou e firmou como sendo verdadeiro do ponto de vista da ação. E o que seria um comportamento moral ou imoral? Assim como a reflexão ética, uma conduta moral também é uma escolha a ser feita. Uma pessoa moral age de acordo com os costumes e valores de uma determinada sociedade. Ou seja, quem segue as regras é uma pessoa moral; quem as desobedece, uma pessoa imoral. Uma pessoa moral ou imoral não é necessariamente aquela que segue as leis ou regras jurídicas. Comportamentos como furar fila no banco, jogar lixo no chão, colar na prova, falar mal de um colega na frente do outro ou não dar espaço para os mais velhos no metrô não são considerados ilegais, mas podem ser atos imorais. Você concorda? Não há lei que proíba essas atitudes, mas você as aprova? Por quê? O que você pensa a respeito desse assunto? Um exemplo: Como lidar com uma pessoa que roubou um remédio para salvar uma vida? Seu comportamento é imoral, ela quebrou a regra de uma sociedade. Mas será que seria justificado eticamente?  

Basicamente, quando se trata de moral, o que é certo e errado depende do lugar onde se está. A ética é o questionamento da moral, ela trata de princípios e não de mandamentos. Supõe que o homem deva ser justo. Ninguém nasce com ética ou com moral. As pessoas podem aprender ética na família, na escola, na rua, no trabalho. Esses conceitos são adquiridos ao longo da experiência humana, seja pela cultura, pelas regras jurídicas, pela educação ou por reflexões pessoais. 

O aprendizado da ética seria o aprendizado da convivência. Aprender a conviver juntos é um dos maiores desafios no século XXI. A ética pode ser uma bússola para orientar o pensamento e responder a seguinte pergunta: qual sociedade eu ajudo a formar com a minha ação?

EM POUCAS PALAVRAS...

A ética nos ajuda a entender e a refletir as ações humanas e a classificá-las enquanto certas ou erradas. O conceito de ética é utilizado quando refletimos sobre a moral aceita em determinada sociedade, podendo aceitar ou questioná-la. Exemplo: João foi não agiu com ética porque não se levantou para que o idoso pudesse ocupar seu lugar no ônibus. Não há lei que diga que ele precisaria dar o lugar do assento ao idoso. Mas ceder o lugar é uma questão de ética (devo ou não devo? Também vai depender do que você entende ou pensa sobre isso? 

Moral é, por sua vez, o costume ou hábito de um povo, de uma sociedade, ou seja, de determinados povos em tempos determinados. A moral muda constantemente, pois os hábitos sociais são renovados periodicamente e de acordo com o local em que são observados. Exemplo: Antigamente, era imoral as mulheres usarem calças, mas hoje é moralmente aceito. Diferente da ética, a moral pode mudar, pode sofrer variações conforme o tempo e local. No Brasil, tanto homens como mulheres dirigem, mas na Arábia Saudita esse direito só foi concedido a pouco tempo. Então, agora mulheres dirigirem na Arábia e isso não é mais visto como uma atitude imoral, mas é algo visto por aquele povo como algo moral. No Brasil, por exemplo, é imoral ter mais de uma esposa, enquanto em alguns países, como a Nigéria, é moralmente aceito. Se um dia aqui no Brasil, o casamento com mais de uma pessoa for aceito, aí a poligamia (casado com mais de uma pessoa) será moral, deixando de ser imoral.


ATIVIDADES 

1. Observe a imagem a seguir e responda. Perceba que na cena há duas mulheres:


a. Elas pertencem à mesma cultura, ao mesmo povo? 

b. As duas mulheres têm o mesmo pensamento a respeito uma da outra. O que você entende por “cultura machista”, presente na fala das personagens? 

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c. Com relação à mensagem transmitida pela imagem, a que conclusão é possível chegar? Assinale a resposta correta. 

( ) Que a moral deve ser igual em todos os países. 

( ) Que a moral prejudica a refletir sobre os bons costumes. 

( ) Que a moral é fruto de como se comporta a cultura de um local onde se vive. 

( ) Que a moral permanece durante todo o tempo e em todo lugar, sem mudança. 

2. Tente descobrir (ou se já é de seu conhecimento próprio) sobre algum costume, alguma cultura que você já viu ou conheceu e que é completamente estranho aos nossos costumes, ou seja, nossa moral.

Leia atentamente a reportagem abaixo para depois analisarmos ela eticamente e moralmente. 


'Pior coisa é não poder alimentar filho', diz ladrão que comoveu policiais Eletricista desempregado foi preso ao tentar furtar 7 kg de carne para o filho. Ele teve fiança e compras pagas por policiais que atenderam a ocorrência. 

Preso por tentar furtar 7 kg de carne de um mercado para ter o que comer e ser liberado após uma policial pagar a fiança, o eletricista desempregado Mário Ferreira Lima se disse arrependido do crime e classificou a própria situação como "desespero". 

"A pior coisa que existe na vida da gente é não poder alimentar o próprio filho", disse. Ele foi preso em um mercado de Santa Maria e sensibilizou os policiais civis, que decidiram dar um final diferente à história. Além de pagar a fiança, eles fizeram compras para Lima, que contou em depoimento ter praticado o crime para alimentar o filho de 12 anos. O homem cria o menino sozinho desde que a mulher se mudou para a casa de um filho mais velho, de outro casamento, para se recuperar das sequelas de um acidente. A ação foi flagrada pelas câmeras de segurança, e o dono do estabelecimento não aceitou as desculpas do ladrão e acionou a polícia. 

O agente da Polícia Civil Ricardo Machado conta que o desempregado desmaiou pouco depois de chegar à delegacia, quando ouviu que ficaria preso. Questionado se estava bem, o homem respondeu que estava sem comer havia dois dias, porque deixou o filho consumir sozinho o pão que restava em casa, e que estava preocupado porque não havia alguém para cuidar do menino. 

A ocorrência foi registrada na delegacia do Gama Oeste, e a fiança foi estipulada em R$ 270. Sensibilizada, uma agente pagou sozinha o valor, enquanto os colegas arrecadavam mais dinheiro para comprar mantimentos para o ladrão. 

Quatro policiais acompanharam o eletricista desempregado até o supermercado, onde compraram arroz, feijão, macarrão, biscoito e itens de higiene. “Na hora que passávamos pela seção de higiene, um colega perguntou se ele tinha pasta de dente. Ele disse que tinha mais de mês que não escovava os dentes com pasta, e pedimos que ele pegasse lá, então. Ele, na humildade dele, voltou com a menorzinha e mais barata. Brincamos que isso não dava nem para um dia e pegamos logo cinco, aí pegamos sabonete e todo o resto.” Os agentes acompanharam o homem até a casa dele. Machado diz que ele “não conseguia acreditar e não parava de agradecer”. “Ele cuida da casa e do menino pela manhã e à tarde vai atrás de bicos, mas não conseguiu nada nos últimos dois meses. A gente sabe que o crime não é certo, mas eu me ponho no lugar. Imaginei a minha filha passando fome. O que eu não faria nessa situação?”, questionou. 

Futuro 

O eletricista disse esperar nunca mais passar por isso e afirmou que deseja conseguir um emprego e restituir a família. A agente da Polícia Civil Kelen Lemos, que também colaborou na vaquinha, conta que nada justifica o crime. “Em nenhum momento a intenção é de fomentar o crime [mas não tem como não se comover e não tentar ajudar].” O presidente da Comissão de Ciências Criminais e Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Brasil, Alexandre Queiroz, disse que a defesa pode buscar enquadrar o caso do eletricista como "estado de necessidade", se ficar comprovado que ele não tinha mesmo outras condições de conseguir alimento. "A meu ver os policiais agiram acertadamente, até porque eles cumpriram com as formalidades. E é importante deixar isso claro. Como cidadãos foi que eles se sensibilizaram e pagaram a fiança, e o policial, pelo tipo de trabalho que exerce, tem essa sensibilidade de enxergar as pessoas. Mas não se pode esquecer que houve um crime", declarou.

Relembrando... 

Ética é a análise da moral e está ligado ao nosso caráter Moral são os nossos costumes conforme a sociedade em que vivemos. 

ATIVIDADE 

Agora, copie as perguntas abaixo e responda, com atenção, em seu caderno. 

1. A reportagem traz o ocorrido com um homem desempregado que rouba comida para alimentar o filho. Sua atitude pode ser considerada errada moralmente ou eticamente? Justifique. 

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2. Quando a reportagem diz que os policiais ajudaram o homem desempregado pagando sua fiança e comprando alimentos para ele, observamos uma conduta moral ou ética deles? É possível ser as duas condutas? 

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3. Leia: 

“De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), enquanto 805 milhões de pessoas ainda passam fome no mundo, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são jogadas fora anualmente em todas as etapas da cadeia produtiva, o que corresponde a um terço da produção mundial” 

Agora, escreva com suas palavras! Você acha moralmente e eticamente aceitável a situação descrita pela ONU na frase acima.

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